Sem público e em jogo único, campeão da América será definido a partir das 17h
Marcada pela pandemia de covid-19, a Libertadores 2020 tem seu capítulo final neste sábado (30), a partir das 17h. A decisão, no Rio de Janeiro, reúne um duelo paulista no mais tradicional estádio do continente: o Maracanã. Esta será a segunda vez em que o campeão da América será conhecido no jogo único. Por coincidência, o confronto decisivo será entre dois times do Brasil, em solo brasileiro. Mas não haverá nenhum carioca em campo. Palmeiras e Santos rivalizam também por uma vaga no Mundial de Clubes do Catar, que começa na próxima semana.
Não será a primeira vez que uma final de Libertadores chega ao Maracanã. Em 1963, o Santos de Pelé fez questão de jogar no Rio a primeira partida da final contra o Boca Juniors. Depois, em 1981, foi a vez do Flamengo abrir a disputa contra o Cobreloa-CHI. Em 2008, o Fluminense, treinado por Renato Portaluppi, perdeu a chance de levantar a taça diante da torcida numa dramática derrota nos pênaltis para a LDU. Mas agora será diferente. É partida única, com todas as atenções voltadas para o estádio — que não poderá receber torcida.
A Conmebol anunciou nesta semana que a partida será transmitida pela TV para 191 países. O Maracanã vai ter cerca de 5 mil credenciados, entre jogadores, comissões técnicas, dirigentes, jornalistas e convidados da confederação, dos finalistas e dos patrocinadores. Será a quarta vez que dois clubes de um mesmo país definem a competição. E a terceira entre brasileiros: em 2005, o São Paulo venceu o Athletico-PR. No ano seguinte, os paulistas caíram diante do Inter. Em 2018, River e Boca fizeram a única final argentina da história — que terminou em Madrid, devido aos problemas com a falta de segurança no jogo de volta, em Buenos Aires.
Criada em 1960, a Copa Libertadores nunca sofreu tantos problemas quanto em 2020. O avanço do coronavírus pela América do Sul fez a competição ser paralisada por seis meses, entre março e setembro do ano passado. A volta das partidas só foi possível com portões fechados e diversos protocolos de saúde, que ainda assim não impediram o surgimento de muitos casos da doença entre as equipes, afetando o desempenho técnico. Com calendário apertado e já prevendo um término dois meses depois do que estava previsto originalmente, a Conmebol fez "vista grossa" para muitos contratempos e seguiu a competição sem nenhum outro adiamento. Fez em quatro meses, o número de jogos que era para ocorrer em oito.
Chegam a decisão, os times de melhor campanha ao longo da Libertadores. O Palmeiras tem uma pequena vantagem. Venceu nove dos 12 jogos disputados até agora. É uma vitória a mais que o Santos. Os dois times perderam apenas uma vez. E quando podiam: o Santos para a LDU, na Vila, e o Palmeira, para o River Plate, em São Paulo. Neste sábado, nenhum dos dois pode se dar ao luxo da derrota.
Diferenças
O Palmeiras pode consagrar um segundo técnico português campeão da América consecutivamente. Depois de Jorge Jesus, que liderou o Flamengo no título de 2019, o time paulista contratou Abel Ferreira no fim de outubro para substituir Vanderlei Luxemburgo, que até vencia seus jogos mas apresentava desempenho insatisfatório. O Verdão, então, engatou uma sequência de vitórias e goleadas, mantendo-se entre os seis primeiros do Brasileirão e chegando às finais da Libertadores e da Copa do Brasil.
Com muito mais recursos financeiros que o adversário, o Palmeiras tem elenco recheado de estrelas, mas também recorreu à base para melhorar as atuações. Danilo e Gabriel Menino são os destaques do meio-campo, aliados à experiência do goleiro Weverton e dos atacantes Rony e Luiz Adriano. O poder econômico é tanto que, no banco, aparecem Felipe Melo, Gustavo Scarpa, Lucas Lima e Willian Bigode.
Campeão com o Atlético-MG em 2013, o técnico Cuca é um dos grandes personagens do Santos. Ele substituiu o português Jesualdo Ferreira em julho. Enfrentou atrasos salariais, proibição de contratações pela Fifa e até impeachment do presidente do clube. Mas conseguiu unir um grupo que alia a experiência de Pará, Diego Pituca e Marinho, à juventude de John, Lucas Braga e Kaio Jorge. O venezuelano Soteldo é outro que faz uma grande Libertadores.
Em caso de empate no tempo normal, haverá prorrogação com dois tempos de 15 minutos. Persistindo a igualdade, o campeão será conhecido nos pênaltis.
Um quer o tetra, o outro busca o bi
Tanto Palmeiras quanto Santos chegam pela quinta vez a uma final de Libertadores. Mas o desempenho do "Peixe" é bem superior. São três títulos e um vice-campeonato, exatamente o inverso do adversário da capital. Na década de 60, comandado por Pelé, o Santos emendou um bicampeonato em cima de Peñarol e Boca. Foi preciso esperar 40 anos até uma terceira decisão, em 2003, mas a taça parou na Bombonera. Muricy Ramalho era o comandante em 2011 quando time da Vila conquistou o tricampeonato, de novo, em cima dos uruguaios do Peñarol que tinham Diego Aguirre na casamata. Ali, o menino Neymar despontava para o mundo.
O Palmeiras ficou com o vice em 1961 e 1968. O primeiro time tinha Waldir de Moraes, Djalma Santos e Chinesinho, entre outros. Caiu para o Peñarol. Depois, Ademir da Guia, Servílio e Baldochi não conseguiram superar o Boca. Veio então a Era Felipão e em 1999, nos pênaltis, diante do Deportivo Cáli, em uma Parque Antártica abarrotado, os paulistas finalmente erguiam a taça de campeão. No ano seguinte, a decepção na mesma medida: derrota em casa, nos pênaltis, para o Boca, evitou o bi.
Se conquistar o título neste sábado, o Santos será o primeiro time brasileiro a ser tetracampeão da América, superando os tricampeões Grêmio e São Paulo. Já o Palmeiras, chegando ao bi, igualará Inter, Cruzeiro e Flamengo. O Brasil tem 19 conquistas de Libertadores.
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