Por meio de programas educacionais, os territórios do Boa Vista e Alto Trombetas II recebem bolsas de estudos, além de material escolar, alimentação e transporte gratuitos.
Ao se deparar com as profundas águas do
rio Trombetas, um filme passa pela cabeça da engenheira florestal Sara Quaresma.
A primeira coisa que ela visualiza é a menina forte e determinada que saía,
todos os dias rio abaixo e rio acima, da vila Patauá até o quilombo Boa Vista,
de onde seguia para estudar no distrito de Porto Trombetas, localizado no
município de Oriximiná, no oeste do Pará. Hoje, com 30 anos, Sara olha para o
passado e se orgulha de ter acreditado no poder transformador da educação. Um
combustível que a moveu para trilhar uma trajetória de desafios e conquistas.
“Eu sempre tive paixão pela escola e não queria ficar
para trás, então debaixo de chuva ou sol eu estava lá. Minha mãe precisava
cuidar dos meus irmãos, o que dificultava que ela me levasse à escola. Depois
que eu cresci, aprendi a ir sozinha, busquei minha independência. Desde
pequena, acreditei que a educação poderia me proporcionar um futuro melhor e
lutei por isso”, lembra.
Outro quilombola orgulhoso de sua
história é o empreendedor Jeferson dos Santos, de 36 anos. Nascido e criado na comunidade Boa
Vista, desde criança aprendeu com a mãe a importância da busca pela garantia
dos direitos das comunidades tradicionais, como o movimento “Raízes Negra” e a
titularidade de terra, e a educação como ferramenta para uma mudança de vida. “A educação é um agente transformador. É por meio dela que
você consegue galgar patamares que, sem ela, não seria possível”, assegura.
O que Sara e Jeferson têm em comum? Além de serem
conterrâneos do mesmo território quilombola, eles abraçaram oportunidades. Por
meio dos Programas de Apoio ao Ensino Básico (PAEB) e ao Ensino Superior
(PAES), tiveram acesso a bolsas de estudos para ingressar em uma escola de
qualidade e realizar o sonho de entrar na universidade. Sara formou-se em
Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e
Jeferson tornou-se bacharel em Química pela Universidade Federal do Amazonas
(UFAM).
Realização
de sonhos
Antes das 5h da manhã, na comunidade quilombola de Boa Vista, o despertador toca: fazer café da manhã, preparar os filhos e começar o dia para atender os horários da escola dos filhos e do seu trabalho. Essa é parte da rotina da técnica de segurança, Andréa Ferreira dos Santos, de 39 anos, mãe de três: Raphael (21), Chrystian (18) e Sthefany (11). “É uma luta diária, mas eu quero que eles sejam profissionais qualificados e preparados para o futuro”, afirma.
Ela celebra a chance que os filhos Christian e Raphael estão
tendo pelos programas PAEB e PAES, respectivamente. “É gratificante ver que
eles têm oportunidades únicas de criar caminhos, com o apoio desses programas
sociais da MRN”, comenta. “A base que eu tive aqui na escola de Porto
Trombetas, por ser uma escola excelente e de muita qualidade, com certeza me
ajuda na universidade, principalmente, na questão do conteúdo. Eu me sinto
privilegiado e abençoado por poder realizar as coisas que meus avós e pais não
realizaram e isso para mim é motivo de muito orgulho”, comemora Raphael, filho
primogênito de Andréa, que está cursando Biotecnologia na Universidade Federal
do Oeste do Pará (UFOPA).
Cledinaldo Durão, operador de máquinas operatrizes da MRN,
também não esconde a alegria de ver o filho Clemerson avançar nos estudos.
“Hoje o meu propósito é oferecer sempre o melhor, visando o futuro do meu
filho. Eu quero que ele estude e se forme.
Os professores só falam bem dele, nunca reprovou, sempre tem notas boas,
toca violino e faz esportes”, relata orgulhosamente Cledinaldo.
O estudante Clemerson de Oliveira, de 15 anos, recebe o
benefício do PAEB e sonha em ser médico. “Eu me esforço para fazer todas as
tarefas, aproveito ao máximo esse auxílio para conseguir concluir o ensino
médio e fazer a faculdade de Medicina, pois sonho ajudar as pessoas da minha
comunidade”, revela.
O Colégio Equipe, unidade de Porto Trombetas, dá o
suporte para que os alunos quilombolas tenham todo o acompanhamento e sejam inclusos
em todas as atividades educacionais. “Para nós educadores, é muito rica essa
heterogeneidade da turma, então é necessário desenvolver ações para integrar.
Esse é o papel do professor, como facilitador do conhecimento. Para nós, a
presença e vivência junto a comunidades tradicionais é um aprendizado
fantástico. Procuramos sempre a equidade e desenvolver atividades, como o
torneio da amizade, para que os alunos possam interagir. Nossa preocupação é
sempre transmitir a eles o sentimento de equipe e igualdade, sempre valorizando
a cultura deles”, ressalta o professor Joaci Lima, diretor do Colégio Equipe de
Porto Trombetas.
Conhecimento
como legado
Os programas educacionais são mantidos pela MRN,
mineradora de bauxita localizada no distrito de Porto Trombetas (Oriximiná/PA).
A empresa investe cerca de R$ 3 milhões ao ano, garantindo aos bolsistas do
PAEB materiais escolar e didático, transporte e alimentação
totalmente gratuitos. Já os beneficiados do PAES recebem bolsa mensal para cursos
presenciais e à distância, além de passagem aérea/fluvial anual de férias para
visitar a família, pois geralmente os cursos são realizados em outras cidades,
como Santarém, Belém e Manaus.
Para Guido Germani, CEO da MRN, essas iniciativas
educacionais refletem o compromisso de responsabilidade social corporativa da
companhia e reforçam que o pilar da educação é fundamental para gerar
conhecimento e uma base sólida para o futuro. “Um dos principais legados que a
empresa pode deixar para a população é realmente o conhecimento porque isso
será um alicerce para o resto da vida deles”, afirma.
O executivo destaca ainda todo o esforço feito pela
empresa durante o período da pandemia para que os programas tivessem continuidade.
Foram disponibilizados computadores e aulas gravadas em pen drive para que os
alunos conseguissem estudar no formato on-line.
“Para nós, é fundamental apoiar nesse processo de transformação social
das pessoas da região. Temos orgulho de ter em nosso quadro de empregados o
talento da Sara Quaresma, que atua no time de Relações Comunitárias. O Jeferson
Santos também passou por aqui, onde trabalhou por 12 anos, chegando a ser
gerente de Comunidades. Nossa torcida é por mais ‘Saras’ e ‘Jefersons’
abraçando oportunidades e despontando com todo o potencial que têm”, declara.
Raio
X dos programas
Desde 1997, o Programa de Apoio
ao Ensino Básico (PAEB) garante bolsas integrais de estudo no Colégio Equipe de
Porto Trombetas. Inicialmente, foram beneficiados alunos residentes na
comunidade Boa Vista (ensino fundamental II e médio). A partir de 2020, o
atendimento foi estendido a estudantes do território Alto Trombetas II.
Desde 2000, a MRN executa o Programa
de Apoio ao Ensino Superior (PAES) como uma extensão do apoio ofertado na
Educação Básica, dando suporte aos estudantes da comunidade Boa Vista que
ingressavam na graduação. Desde 2020, os moradores das comunidades do Alto
Trombetas II têm sido contemplados com bolsas para cursos superiores, em ensino
presencial ou à distância.
Redação Amazoon Notícia
Com informações da Comunicação MRN
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