Duas entidades da sociedade civil – a Associação Cultural Obidense (ACOB) e a Academia Artística e Literária de Óbidos (AALO) – uniram-se à Prefeitura Municipal de Óbidos e, numa iniciativa inédita, com poucos recursos disponíveis, promoveram a revitalização do Forte Pauxis, marco histórico da fundação da cidade, em 1697, na parte mais estreita e profunda do rio Amazonas.
Com o respaldo do prefeito Chico Alfaia, o presidente da ACOB e da AALO, jornalista Ronaldo Brasiliense, e o secretário municipal de Cultura e Esportes, o músico e poeta Eduardo Dias, levaram a frente a empreitada de devolver à população o forte, abandonado por doze longos anos pelas administrações passadas. Com o apoio de empresários como Abraham Chocron e Eládio Canto, e por personalidades obidenses como Jorge Ary Ferreira, Valmir Carvalho, João Andrade (Bué) e Carlos Vieira, além do professor Itamar Paulino, da UFOPA, entre outros, o Forte Pauxis ganhou nova roupagem em duas semanas. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Forte Pauxis foi devolvido à administração da Prefeitura de Óbidos totalmente detonado, embora tenha supostamente recebido investimentos de R$ 1,6 milhão em convênio firmado entre o IPHAN e a PMO dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas.
O prefeito Chico Alfaia apoiou a iniciativa. “Desde o início do nosso governo temos incentivado a participação ativa dos obidenses nos diversos segmentos de nossa administração e a resposta tem sido excelente”, garante. “Hoje, graças à participação popular, ressuscitamos o Forte Pauxis, que há muito estava abandonado, mesmo tendo sido contemplado num passado recente, com verba de mais de R$ 2 milhões que deveria ter sido utilizado em sua reforma”, acrescenta.
Para Alfaia, o que os obidenses de bem fizeram pelo Forte Pauxis merece aplausos e tem que ser replicado para todo o Brasil, como prática saudável de civilidade e amor por sua terra. “Infelizmente o convênio não foi concretizado e o Forte Pauxis, abandonado, acabou servindo de palco para orgias sexuais e tráfico e consumo de drogas”, lamenta o presidente da ACOB, Ronaldo Brasiliense, que tomou a frente dos trabalhos. “A recuperação do Forte é um exemplo do que pode ser feito em parcerias entre a sociedade civil organizada e o poder público. Que esta moda pegue Brasil afora”, conclui.
“A iniciativa de revitalizar o Forte Pauxis não poderia ser adiada por conta de questões burocráticas. Quando a sociedade toma as rédeas do bem comum, se torna inexorável, justamente num momento difícil da vida pública brasileira, marcada por uma crise política e moral”, endossa o secretário municipal de Cultura, Eduardo Dias, antecipando que uma das alternativas futuras para a utilização do Forte será abrigar o acervo da Biblioteca Pública de Óbidos. Que assim seja.
HISTÓRICO "O maior estreito, onde este rio recolhe suas águas, é de pouco mais de um quarto de légua, na altura de 2º 40', lugar que, sem dúvida, destinou a Divina Providência, estreitando ali este dilatado mar doce, para que ali se construísse uma fortaleza para impedir a passagem a qualquer armada inimiga, por maiores forças que traga, entrando pela principal boca deste grande rio, porquanto, entrando pelo rio Negro, ali deveria ser posta a defesa." (Cristobal Acuña, padre jesuíta) Índios da etnia Pauxis habitavam a margem esquerda da “garganta” do Amazonas, na região em que a largura do rio é de apenas 1.892 metros e a profundidade chega a 75 metros.
Situado a cerca de 8 milhas abaixo da embocadura do rio Trombetas, o local foi observado pelo navegador espanhol Francisco Orleana, que o considerou ideal para a construção de uma fortaleza. Assinalado no roteiro da expedição de Pedro Teixeira, em 1637, foi posteriormente visitado por diversos navegadores, todos de acordo com a necessidade da construção de um forte que assegurasse o domínio de Portugal. Este fato determinou providências do então governador da Provincia do Grão-Para, Coelho de Carvalho, que ordenou a Manuel da Mota Siqueira, em 1697, que erigisse uma fortificação na margem esquerda do rio Amazonas. À casa de taipa precariamente equipada foi dado o nome de “Forte dos Pauxis”.
Em virtude da semelhança topográfica com a cidade portuguesa de Óbidos, deu-lhe igual topônimo. Entre outros obidenses ilustres destacaram-se José Veríssimo e Inglêz de Souza, fundadores das cadeiras números 18 e 28 da Academia Brasileira de Letras, e Francisco Machado, o barão de Solimões.
Formação Administrativa 1 - Elevação à categoria de vila com a denominação de Óbidos, em 25-03-1758, e por Carta Régia de 26-06-1755. Sede na antiga Aldeia dos Pauxis.
2 - Elevado à condição de cidade com a denominação de Óbidos, pela lei províncial nº 252, de 02-10-1854. Pela lei nº 729, de 03-04-1900, o município de Óbidos, adquiriu o extinto município de Oriximiná. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 2 distritos: Óbidos e Oriximiná. Assim permanecendo em divisão administrativa referente ao ano de 1933.
3 - Pelo decreto-lei estadual nº 1442, de 24-12-1934, desmembra do município de Óbidos o distrito de Oriximiná. Elevado à categoria de município. 4- Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-12937, o município aparece constituído de 2 distritos: Óbidos e Paraná de Baixo. Pelo decreto-lei nº 3131, de 31-10-1938, o distrito do Paraná de Baixo é extinto, sendo seu território anexado ao distrito sede de Óbidos.
5 - Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960. Pela lei estadual nº 2460, de 29-12-1961, é criado o distrito de Flexal e anexado ao município de Óbidos.
6 - Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 2 distritos: Óbidos e Flexal. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-1-1979. Em divisão territorial datada de 1988, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007. Fonte: IBGE
Ronaldo Brasiliense
Fotos/ Hayme Amorim
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